• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

O que sustenta o emprego?

Mercado de trabalho brasileiro desafia a atual política monetária

O mercado de trabalho brasileiro ainda mostra um dinamismo que surpreende e desafia a política monetária. Mesmo com a taxa básica de juros em patamares restritivos por um longo período, a taxa de desocupação segue baixa, gerando o temor de pressões inflacionárias e de um mercado “apertado” demais. Para compreender a real solidez desse mercado e o quão desafiador ele é para o Banco Central (BC), é fundamental ir além dos números conjunturais e analisar as transformações estruturais.

Um box do Relatório de Política Monetária do BC, de setembro, recorreu a cenários contrafactuais, buscando responder a uma questão: o que teria acontecido com os indicadores de emprego se a composição da população, em termos de sexo, faixa etária e escolaridade, tivesse permanecido idêntica à do primeiro trimestre de 2014, período de menor desocupação antes da pandemia?

O resultado do exercício é o de que as mudanças estruturais, em conjunto, atuaram como um forte vento a favor do mercado de trabalho. Se o Brasil tivesse a mesma estrutura populacional de uma década atrás, o cenário atual seria significativamente mais fraco. A Taxa de Participação estaria cerca de 2,5 pontos percentuais (p.p.) abaixo do nível efetivo, e o Nível de Ocupação quase 3p.p. menor. Tais números demonstram que a evolução da população fez com que mais brasileiros estivessem dispostos a trabalhar e efetivamente empregados.

Ao desagregar esse impacto, a pesquisa revela a ascensão da escolaridade como o principal motor estrutural do aumento da atividade. O ganho educacional da população, por si só, é o fator de maior magnitude. A manutenção da escolaridade nos níveis de 2014 faria com que o Nível de Ocupação estivesse 4,9 p.p. aquém do patamar atual. Esse efeito positivo superou e compensou a contribuição contrária do envelhecimento populacional, que, isoladamente, tenderia a reduzir a participação na força de trabalho.

A Taxa de Desocupação (TD), por sua vez, demonstrou ser mais resiliente, com um impacto mais moderado no cenário contrafactual. Essa compensação ocorre porque a queda na propensão de participação (que tenderia a reduzir a TD) se anula parcialmente com a queda no nível de ocupação (que pressiona a TD para cima), resultando em uma variação suave.

O ponto mais relevante para a discussão atual da política monetária reside na dinâmica pós-2022. O estudo aponta que, desde o fim de 2022, os efeitos estruturais positivos sobre a Taxa de Participação e o Nível de Ocupação passaram a se compensar mutuamente. Isso sugere que a queda acentuada da TD observada nos últimos anos, que tem mantido o mercado “apertado” mesmo sob juros altos, não tem sido impulsionada por novas mudanças estruturais favoráveis na composição da população em idade de trabalhar. A força atual do mercado de trabalho, portanto, parece também contar com uma origem conjuntural.