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Mais juros ou só discurso firme? A resposta do Copom pode surpreender

Às vésperas da próxima reunião do Copom, que ocorrerá nos dias 29 e 30 de julho de 2025, acredito que estamos diante de um cenário dos mais complexos para a formulação da política monetária

Às vésperas da próxima reunião do Copom, que ocorrerá nos dias 29 e 30 de julho de 2025, acredito que estamos diante de um cenário dos mais complexos para a formulação da política monetária. O Brasil se encontra numa encruzilhada entre pressões inflacionárias persistentes, expectativas desancoradas e um ambiente internacional adverso, tudo isso agravado por incertezas fiscais internas e sinais de desaceleração em setores relevantes da economia, como agropecuária e indústria.

O Comitê, na reunião anterior, optou por elevar a Selic para 15% ao ano. Que foi uma decisão simbólica e técnica, que sinaliza o fim de um ciclo de alta rápida, mas que deixa a porta aberta para novos ajustes, caso as expectativas inflacionárias não se “reancorem”.

O ambiente externo também exige atenção. A combinação de incertezas sobre a política fiscal dos EUA, instabilidade no Oriente Médio, impacto das novas tarifas comerciais e comportamento errático dos ativos globais compõe um pano de fundo de risco elevado para economias emergentes como a brasileira. Essa aversão ao risco global pressiona o câmbio e afeta os preços domésticos, sobretudo de alimentos e combustíveis. Isso não é trivial, pois impacta diretamente as projeções inflacionárias e dificulta o trabalho do Banco Central em buscar a convergência para a meta de inflação.

No cenário doméstico, o dinamismo do mercado de trabalho (com baixo desemprego e renda real ainda elevada) e o crédito ainda resiliente vêm sustentando o consumo das famílias. Por outro lado, os dados de atividade econômica sugerem moderação: a indústria mostra fôlego limitado, os serviços estão estáveis e o comércio começa a sentir os efeitos do aperto monetário. No agro, o recuo recente da produtividade e a queda de preços no mercado internacional sugerem que o impulso dado pelo setor em 2023 não deve se repetir com a mesma força.

A política fiscal adiciona mais uma camada de incerteza. A tentativa do governo de ampliar receitas por meio da taxação de fundos exclusivos, offshores e revisão de incentivos tributários pode até ter impacto positivo no curto prazo, mas sem uma sinalização clara de contenção estrutural de gastos, o prêmio de risco segue elevado. Isso pressiona a curva de juros e fragiliza a eficácia da política monetária. O Copom, aliás, foi enfático em sua última ata ao reforçar que a harmonia entre política fiscal e monetária é condição indispensável para a eficácia do controle inflacionário.

As expectativas de inflação seguem acima da meta para todos os horizontes, e isso é o ponto mais delicado de toda a equação. A ancoragem das expectativas não é apenas uma questão técnica, é uma questão de confiança. Enquanto os agentes econômicos duvidarem da capacidade do governo de entregar estabilidade fiscal, ou da disposição do Banco Central em manter uma postura firme e autônoma, o custo da desinflação continuará alto. Isso exige uma Selic elevada por mais tempo, o que naturalmente impõe um freio à atividade econômica, especialmente no segundo semestre de 2025.

A expectativa é de que o Copom mantenha a Taxa Selic em 15,00% na próxima reunião, interrompendo o ciclo de alta, mas reforçando o compromisso com a estabilidade de preços. A decisão deve vir acompanhada de uma comunicação clara, técnica e firme, reforçando a vigilância sobre as expectativas e deixando explícito que não hesitará em retomar a alta caso os riscos se materializem.